domingo, 25 de março de 2012

Enfim resolvi viver, e me desprender do que me leva para o sentido contrário, do óbvio, do fácil, do precário, e até mesmo do lugar errado.
Durante tempos o anoitecer me causou calafrios, sempre me senti com as mãos atadas, apavorado, pois sabia que no dia seguinte tudo continuaria como estava.
Não queria que as coisas mudassem, eu queria mudar. Não pretendia ser mais um que tem seus sonhos estraçalhados e encaixotados dentro de si. Eu queria, ou melhor, eu quero ser eu, poder falar do que sinto, poder fazer o que gosto, chorar, sorrir, quero viver.
Já fui taxado de maluco, sonhador, chato, depressivo, bonzinho, engraçado, e por ai vai. Adjetivos nunca faltaram, adjetivos que na maioria das vezes não correspondiam ao que sentia realmente ser, ou ao real momento o qual estava vivendo.
Acho que na verdade não queria enxergar a instabilidade, eu queria às vezes poder escrever a mesma autobiografia em capítulos diferentes da minha vida, e ao mesmo tempo quero ser um personagem diferente a cada capítulo.
Hoje em dia, ao anoitecer continuo sabendo que o dia seguinte continuará do mesmo jeito, mas sinto que algo dentro de mim está mudando constantemente, é como se fosse um liquidificador, misturando vontade de viver, vontade de sentir novos sabores, e me sinto muito livre com essa sensação.
Consigo ver belezas em coisas pouco notáveis, consigo sentir o vento passear pelo meu rosto num final de tarde, me emociono ao ver o quanto uma mãe consegue amar um filho, mesmo não sendo correspondida a altura, e finalmente, aos poucos consigo acreditar que é nas coisas simples que encontramos os maiores prazeres.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Já me fiz, já me refiz passei por essa etapa uma trezentas vezes na minha vida. Mas agora chega! ... Passei deixar por fazer.

quinta-feira, 15 de março de 2012

I don’t care


Desisti. E isso é a coisa mais triste que tenho a dizer. A coisa mais triste que já me aconteceu. Eu simplesmente desisti. Não brigo mais com a vida, não quero entender nada. (…) Vou nos lugares, vejo a opinião de todo mundo, coisas que acho deprê, outras que quero somar, mas as deixo lá. Deixo tudo lá. Não mexo em nada. Não quero. Odeio as frases em inglês, mas o tempo todo penso “I don’t care”. Caguei. Foda-se. (…) Me nego a brigar. Pra quê? Passei uma vida sendo a irritadinha, a que queria tudo do seu jeito. Amor só é amor se for assim. Sotaque tem que ser assim. Comer tem que ser assim. Dirigir, trabalhar, dormir, respirar. E eu seguia brigando. Querendo o mundo do meu jeito. Na minha hora. Querendo consertar a fome do mundo e o restaurante brega. Algo entre uma santa e uma pilantra. Desde que no controle e irritada. Agora, não quero mais nada. De verdade. (…) Não quero arrumar, tentar, me vingar, não quero segunda chance, não quero ganhar, não quero vencer, não quero a última palavra, a explicação, a mudança, a luta, o jeito. (…) Quero ver a vida em volta, sem sentir nada. Quero ter uma emoção paralítica. Só rir de leve e superficialmente. Do que tiver muita graça. E talvez escorrer uma lágrima para o que for insuportável. Mas tudo meio que por osmose. Nada pessoal. Algo tipo fantoche, alguém que enfie a mão por dentro de mim, vez ou outra, e me cause um movimento qualquer. Quero não sentir mais porra nenhuma. Só não sou uma suicida em potencial porque ser fria me causa alguma curiosidade. O mundo me viu descabelar, agora vai me ver dormir e cagar pra ele. Eu quis tanto ser feliz. Tanto. Chegava a ser arrogante. O trator da felicidade. Atropelei o mundo e eu mesma. Tanta coisa dentro do peito. Tanta vida. Tanta coisa que só afugenta a tudo e a todos. Ninguém dá conta do saco sem fundo de quem devora o mundo e ainda assim não basta. Ninguém dá conta e… quer saber? Nem eu. Chega. Não quero mais ser feliz. Nem triste. Nem nada. Eu quis muito mandar na vida. Agora, nem chego a ser mandada por ela. Eu simplesmente me recuso a repassar a história, seja ela qual for, pela milésima vez. Deixa a vida ser como é. Desde que eu continue dormindo. Ser invisível, meu grande pavor, ganhou finalmente uma grande desimportância. Quase um alivio. I don’t care.