terça-feira, 28 de setembro de 2010

O novo.


A gente acha que, por já ter jogado uma ou duas vezes, pega experiência. PAPO.

Mais uma cidade. Novo ar. Uma casa nova, no mesmo lugar. No entanto, acumulam-se teias de aranha naqueles cantos da nossa alma que a gente tem medo de mexer. Sempre tive medo de mudar a ponto de não me reconhecer em escritos antigos, espelhos empoeirados. Então eu volto ao estado inicial, aquele de anos atrás. A gente sempre acaba voltando pro cassino. Mas o jogo é outro, mais difícil, imprevisível e com uma aposta mínima que a gente simplesmente não tem como pagar. É o mundo ensinando a gente que ainda não deixamos de ser os adolescentes cheios de dúvidas que éramos. A diferença é que somos maiores que outrora, e em nossas cabeças há ainda mais espaço para mais e mais questionamentos. Quanto mais claro fica para mim a noção do que é certo, mais meus pés apontam para o obscuro caminho do absolutamente desconhecido.

Não posso dizer que não gosto. Mas também não direi que tem sido simples. E o que é simples, aos dezessete anos?

A gente se sente velho demais para jogar tudo pra cima e fugir. A gente se vê jovem demais pra dar o próximo passo sem olhar pra trás. Então a gente fecha os olhos e caminha até cair. A cada vez que ergo meu corpo, percebo nos pés descalços a textura de um novo chão, na pele o toque de um vento que vem de outro lugar, e que traz consigo outros aromas. Um deles, em especial, me captura o olfato, prendendo-me numa não-intencional caçada sem espingarda em punhos. É o momento em que meu peito pode ser perfurado pela mais insignificante flecha de papel.

* Na mosca, guria. Na mosca.

É sua, aquela silhueta turva dois quarteirões adiante?

Por quê sozinha?

Seria apenas na minha cabeça?

Tenho acordado de sonho nenhum, tenho dormido apenas pra ver se paro de sonhar…

… pra variar.

E é tão real, o pesadelo de perder o discernimento pra sempre.

Mais uma cidade. Novo ar. Uma casa nova, no mesmo lugar.

O que eu aprendi com o amor? Palavrões novos.

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